Partindo da ideia de reaproveitamento e rotatividade dos recursos materiais — numa cidade como Braga, moldada pela construção civil — a proposta reutiliza materiais sobrantes para envolver o deque circular de madeira onde o jacarandá se inscreve. Três componentes principais dão forma à proposta: uma parede, uma estrutura e um teto. A parede, feita de blocos de cimento que aguardavam um uso futuro, desenha um círculo permeável e ritmado, como espaço de reunião. A partir dela, ergue-se um semicírculo composto por vigas metálicas esquecidas em armazém, que suportam um teto poroso, feito de rede sobrante. Esta composição constrói um espaço aberto, reciclado, mas profundamente novo.
A rotação plástica destes três elementos — vindos de origens e funções distintas — dá lugar a um novo espaço público na Quinta da Capela. Um espaço que pode ser abrigo para toda a vizinhança, evocando a supracasa de Sebastião Alba, e também um lugar de partilha e re-descoberta das referências literárias do lugar. Tal como adereços de teatro que se reutilizam, deslocam e transformam, a proposta Rotação afirma-se na sua própria rotatividade seja através de novos usos, seja na construção de futuros mais sustentáveis para esta e outras vizinhanças.