SOBRE
ROTEIRO
FORMA DA VIZINHANÇA
FESTIVAL DE ARQUITETURA E ARTE




[ MONUMENTO À VIDA QUOTIDIANA ]




© Atelier Local



Entre o bairro das Andorinhas e o bairro da Misericórdia, em Braga, inscreve-se a horta urbana de São Vicente — um espaço de cultivo comunitário que, à semelhança de tantas outras hortas urbanas, carrega uma herança cultural e social longa. Inspirado nos jardins operários do final do século XIX, em França — onde trabalhadores urbanos encontravam não só sustento, mas também lugar para o lazer, o encontro e a celebração — o Atelier Local, sediado em Valongo, propõe uma arquitetura que homenageia essa história: um Monumento à vida quotidiana. Um espaço que oferece sombra, apoio e tempo partilhado aos hortelãos e à comunidade que com eles habita o lugar.

Implantado no limiar entre a horta e o percurso pedonal do bairro das Andorinhas, o monumento assume a forma de uma estrutura de madeira quadrangular com 4 x 4 metros, marcada por uma secção triangular que economiza material e gesto construtivo. A face voltada para o bairro apresenta réguas de madeira pintadas alternadamente em rosa e azul, de onde se recorta um círculo de 1,40 metros de diâmetro. Este círculo gira sobre si mesmo, transformando-se numa mesa ou janela, e ativando a relação entre interior e exterior — entre a horta e o bairro. Do lado de fora, um banco acolhe quem por ali passa; do lado de dentro, um abrigo resguarda os hortelãos, criando um espaço de pausa, encontro e partilha. Entre ambos, a mesa circular torna-se ponto de contacto simbólico e prático — onde se podem partilhar excedentes agrícolas, reunir e dialogar.

Com este monumento, o Atelier Local constrói um elo sensível entre práticas quotidianas e vínculos comunitários. Um espaço de transição entre trabalho e celebração, entre produzir e partilhar — onde a arquitetura, mais do que abrigo, se afirma como um gesto reivindicativo de cuidado contínuo na vizinhança.




ATELIER LOCAL



Atelier Local é um estúdio de arquitetura fundado em 2019, em Valongo, por João Paupério (Valongo, 1992) e Maria Rebelo (Porto, 1991), ambos formados pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP). Com experiências anteriores no escritório Baukunst, em Bruxelas, a dupla desenvolve uma prática que cruza projeto, investigação e edição, com foco em intervenções sensíveis e críticas ao contexto construído.
Entre as suas obras destacam-se a Casa-Atelier (2015–2022), que recebeu menção honrosa no Prémio Manuel Graça Dias 2023, e a Casa em Ancede (2024), distinguida com o Prémio Forma na categoria Jovens Emergentes e finalista dos prémios ibéricos Arquia/Próxima.  Em 2024, coeditaram o livro Ceci n’est pas un portrait e publicaram o ensaio monográfico atelier local: after five years of living, editado pela EXEMPLO books. 




FICHA TÉCNICA DA INSTALAÇÃO
MONUMENTO À VIDA QUOTIDIANA

ARQUITETURA
Atelier Local 
(Axelle Van Nuffelen, Elias Schmitz, João Paupério, 
Maria Rebelo, Nora Van Severen)

PRODUÇÃO E MONTAGEM
Carpimestre 
(Pedro Ferreira e Manuel Ferreira)



INSTAGRAM
FACEBOOK
© 2025 FORMA DA VIZINHANÇA — Um projeto da Braga 25 Capital Portuguesa da Cultura.
Política de Privacidade e Termos de Utilização