SOBRE
ROTEIRO
FORMA DA VIZINHANÇA
FESTIVAL DE ARQUITETURA E ARTE




[ MORABEZA ]




© RAM




Entre a horta urbana da Quinta das Lameiras e o parque de merendas que lhe é contíguo, desenha-se um campo fértil de relações: de um lado, o gesto de plantar; do outro, o de partilhar à mesa. É neste cruzamento de práticas complementares — cultivar e alimentar — que se inscreve a proposta do coletivo RAM, ateliê de arquitetura sediado em Mindelo, Cabo Verde. Inspirando-se no conceito cabo-verdiano de Morabeza — expressão cultural de hospitalidade, bem-estar e pertença —, a proposta ergue-se como espaço de acolhimento, promovendo afetos, generosidade e encontros entre a horta, o parque e a vizinhança.

A clareira central do parque de merendas é o ponto de ancoragem da estrutura desenhada pelo coletivo RAM. A intervenção compõe-se de dois elementos principais — o cubo e a pele — que coabitam com as mesas e bancos de merendas preexistentes. Na clareira, ergue-se um cubo de cinco metros, construído com barrotes de madeira de secção quadrada que, juntamente com traves diagonais, reforçam a estrutura e, ao mesmo tempo, filtram os acessos — guiando os corpos vizinhos no espaço e convidando à descoberta e apropriação. No seu interior, um prisma cilíndrico octogonal desenha uma pele aérea feita de rede leve e tubos metálicos, suspensa por cabos de aço. Em contraste com a copa das árvores, esta rede subtil funciona também como suporte expositivo para materiais de construção locais reutilizados — selecionados pela associação Nada Novo — e para outros que a vizinhança possa vir a acrescentar no futuro.

Com Morabeza, propõe-se mais do que uma estrutura: propõem uma atitude. Uma hospitalidade arquitetónica que acolhe e intervém sobre o lugar — onde plantar, cuidar, partilhar e alimentar se tornam gestos vitais para repensar a vizinhança de hoje e de amanhã.


RAM



RAM é um coletivo de arquitetura e design sediado em Mindelo, Cabo Verde, fundado em 2022 por Bruno Oliveira, Hugo Lopes e Jakob Kling. A sua prática nasce do compromisso com os desafios da realidade cabo-verdiana e da procura de respostas enraizadas no território, com uma abordagem multidisciplinar e colaborativa. Em sintonia com os debates contemporâneos das disciplinas do design e da arquitetura, o coletivo propõe uma ação crítica e situada, onde as pessoas são parte ativa do processo e as soluções são construídas em proximidade. Rejeitando estruturas organizativas baseadas em lógicas de mercado, o coletivo RAM atua de forma aberta e experimental, cultivando uma plataforma de diálogo e produção partilhada, ainda em fase de afirmação, mas com vontade de expansão.




FICHA TÉCNICA DA INSTALAÇÃO
MORABEZA

ARQUITETURA
RAM 
(Bruno Oliveira, Hugo Lopes, Jakob Kling)

COLABORAÇÃO
NADA NOVO 
(Cláudia Escaleira, Jonny Pugh)
Joaquim Vinagre

PRODUÇÃO E MONTAGEM
Artworks
RAM

PARCERIA LOCAL
Nuno Flores Arquitetura

AGRADECIMENTOS
Calvin Middel 
Lisa Reis
Rory Ronson
Hortelãos da horta urbana da Quinta das Lameiras



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